O QUE É A PSICANÁLISE?
- Thomas Speroni
- 13 de fev. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jan. de 2024
Pergunta complexa. Mas tentemos fazer um humilde recorte da questão.
A psicanálise comporta uma teoria, um método de investigação, uma técnica, uma prática e uma ética. Tudo isso voltado ao psiquismo humano e seu tratamento. A psicanálise se dedica a saber e a tratar esse negócio que chamamos de “mente”, as “coisas da cabeça”.

Nasce alguns anos depois da psiquiatria e quase junto da neurologia. Psicanálise e neurologia compartilham do mesmo berçário: o Hospital Salpêtrière. Nesse hospital de Paris trabalhou e lecionou o médico Jean-Martin Charcot, considerado o pai da neurologia moderna. Foi com Charcot que Sigmund Freud, médico considerado o pai da psicanálise, foi estudar em 1885. Dentro do enorme hospital Charcot tinha uma enfermaria especial dedicada aos doentes que apresentavam fenômenos patológicos, mas que, após rigoroso exame médico, constatava-se que não tinham qualquer alteração biológica.
O que é isso que acomete um sujeito a ponto de ele ficar, por exemplo, com as pernas paralisadas sem que haja qualquer sinal de mau funcionamento do seu aparelho biológico?
A psicanálise nasce a partir daquilo que a medicina não consegue explicar e nem tratar. [Se hoje a medicina consegue explicar e/ou tratar os transtornos mentais, eis aí um debate profícuo, que penso poder começar com duas questões: 1) isso que a medicina encontra no corpo biológico de certos pacientes com transtornos mentais (uma alteração de neurotransmissores, por exemplo) é causa ou consequência do próprio transtorno? 2) os medicamentos têm sido honestamente eficazes no tratamento das pessoas?].
Depois de estudar com Charcot, Freud se debruça sobre esse enigma. A partir daí e ao longo dos anos a psicanálise se dedicou não só à doença do ser humano, mas a todo seu psiquismo. Ao se devotar a entender a mente, a psicanálise acaba por estender seus tentáculos para a compreensão de quase tudo aquilo que é humano e que o ser humano produz: o corpo, o amor, o ódio, os conflitos, a sociedade, as ciências, a arte, a política... É por isso que não é preciso estar necessariamente doente para procurar um analista: basta ser humano, basta ter “coisas na cabeça”. Quem não tem coisas na cabeça?